quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

PREGADORES E CANTORES

Chego perto dos 40 anos de canção.
E é claro que tenho algo a dizer sobre isso de cantar na Igreja.
Não é que saiba tudo, mas quem enfrentou anos de paciente exercício
deste ministério e ouviu de tudo a favor e contra
tem algo a partilhar. E é o que estou fazendo,
como sacerdote e como professor de comunicação.
Uma canção vai muito mais longe do que uma palavra
Não é melhor nem mais substanciosa do que uma palavra.
Apenas a enfeita e projeta um pouco mais
Por isso, sempre que possível devemos trazer
a canção para perto das nossas pregações.
Quem se faz cantor e privilegia a canção faz uma boa coisa
Quem quer ser pregador e eventualmente cantar
tornando a canção secundária faz uma boa coisa
Há profetas que falam e há profetas que cantam
E há quem faça as duas coisas.
Eu faço as duas coisas, mas se tiver que escolher
Seguramente escolherei pregar.
A canção pode e deve esperar.
O bispo que me ordenou não pôs nem um violão,
nem gaita nem piano em minhas mãos.
Pôs uma Bíblia, um pão e um cálice.
Daquele dia em diante entendi que deveria resistir
à tentação de cantar só porque alguém deseja me ouvir cantando.
Se o que tenho a dizer não puder ser dito cantando
e se a letra da canção não ajudar o texto bíblico
ou o que o Papa ou os bispos mandaram dizer
eu simplesmente não canto.
Minha canção seria um enfeite errado no lugar errado.
Atrapalharia a Palavra da Igreja.
Se porém minha canção ajudar então eu canto.
Existe uma hora em que o pregador pode cantar
e há um outra em que ele não deve cantar.
Mesmo que não seja compreendido nem aplaudido
pelos que querem ouvir sua canção.
Jesus não precisa de cantores
e sim de anunciadores de seu evangelho.
Se pudermos anunciá-lo cantando, cantemos.
Se cantar ficar tão importante
que a canção abafa o sermão ou a leitura do dia
suprima-se a canção e silenciem os cantores.
O povo não vai à missa para cantar. Vai celebrar.
E é perfeitamente possível celebrar sem cantar.
Infelizmente também é possível cantar sem celebrar.
Isso acontece quando o texto da missa está dizendo uma coisa
e os cantores outra, só porque o grupo gosta daquela melodia.
Tais cantores não estão celebrando.
Estão apenas enchendo a missa de música errada.
Nós que cantamos devemos pedir a Deus e á Igreja que nos corrijam
se estamos dando excessiva importância ao canto nas igrejas.
A canção continua sendo o chantili do bolo.
Dá-lhe um sabor especial, mas não pode substituir o bolo.
Nenhuma canção tem tanto conteúdo!
Entre cantar e falar, falar continua mais importante.
Que nós cantores aprendamos a falar e pregar.
Sobretudo se formos sacerdotes!
Os bispos não ordenam cantores. Ordenam pregadores!
Padre Zezinho, scj.
http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/archives/7777

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