quinta-feira, 11 de outubro de 2012

TEXTO DO PAPA BENTO XVI 11 DE OUTUBRO DE 2012


TEXTO INÉDITO DO PAPA BENTO XVI
PUBLICADO POR OCASIÃO DO 50º ANIVERSÁRIO
DO INÍCIO DO CONCÍLIO VATICANO II

Foi um dia maravilhoso aquele 11 de Outubro de 1962 quando, com a entrada solene de mais de dois mil Padres conciliares na Basílica de São Pedro em Roma, se abriu o Concílio Vaticano II. Em 1931, Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do facto que mil e quinhentos anos antes, em 431, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo. O Papa João XXIII fixara o início do Concílio para tal dia com o fim de confiar a grande assembleia eclesial, por ele convocada, à bondade materna de Maria e ancorar firmemente o trabalho do Concílio no mistério de Jesus Cristo. Foi impressionante ver entrar os bispos provenientes de todo o mundo, de todos os povos e raças: uma imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo, na qual os povos da terra se sentem unidos na sua paz.

Foi um momento de expectativa extraordinária pelas grandes coisas que deviam acontecer. Os concílios anteriores tinham sido quase sempre convocados para uma questão concreta à qual deviam responder; desta vez, não havia um problema particular a resolver. Mas, por isso mesmo, pairava no ar um sentido de expectativa geral: o cristianismo, que construíra e plasmara o mundo ocidental, parecia perder cada vez mais a sua força eficaz. Mostrava-se cansado e parecia que o futuro fosse determinado por outros poderes espirituais. Esta percepção do cristianismo ter perdido o presente e da tarefa que daí derivava estava bem resumida pela palavra «actualização»: o cristianismo deve estar no presente para poder dar forma ao futuro. Para que pudesse voltar a ser uma força que modela o porvir, João XXIII convocara o Concílio sem lhe indicar problemas concretos ou programas. Foi esta a grandeza e ao mesmo tempo a dificuldade da tarefa que se apresentava à assembleia eclesial.

Obviamente, cada um dos episcopados aproximou-se do grande acontecimento com ideias diferentes. Alguns chegaram com uma atitude mais de expectativa em relação ao programa que devia ser desenvolvido. Foi o episcopado do centro da Europa – Bélgica, França e Alemanha – que se mostrou mais decidido nas ideias. Embora a ênfase no pormenor se desse sem dúvida a aspectos diversos, contudo havia algumas prioridades comuns. Um tema fundamental era a eclesiologia, que devia ser aprofundada sob os pontos de vista da história da salvação, trinitário e sacramental; a isto vinha juntar-se a exigência de completar a doutrina do primado do Concílio Vaticano I através duma valorização do ministério episcopal. Um tema importante para os episcopados do centro da Europa era a renovação litúrgica, que Pio XII já tinha começado a realizar. Outro ponto central posto em realce, especialmente pelo episcopado alemão, era o ecumenismo: o facto de terem suportado juntos a perseguição da parte do nazismo aproximara muito os cristãos protestantes e católicos; agora isto devia ser compreendido e levado por diante a nível de toda a Igreja. A isto acrescentava-se o ciclo temático Revelação-Escritura-Tradição-Magistério. Entre os franceses, foi sobressaindo cada vez mais o tema da relação entre a Igreja e o mundo moderno, isto é, o trabalho sobre o chamado «Esquema XIII», do qual nasceu depois a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Atingia-se aqui o ponto da verdadeira expectativa suscitada pelo Concílio. A Igreja, que ainda na época barroca tinha em sentido lato plasmado o mundo, a partir do século XIX entrou de modo cada vez mais evidente numa relação negativa com a era moderna então plenamente iniciada. As coisas deviam continuar assim? Não podia a Igreja cumprir um passo positivo nos tempos novos? Por detrás da vaga expressão «mundo de hoje», encontra-se a questão da relação com a era moderna; para a esclarecer, teria sido necessário definir melhor o que era essencial e constitutivo da era moderna. Isto não foi conseguido no «Esquema XIII». Embora a Constituição pastoral exprima muitas elementos importantes para a compreensão do «mundo» e dê contribuições relevantes sobre a questão da ética cristã, no referido ponto não conseguiu oferecer um esclarecimento substancial.

Inesperadamente, o encontro com os grandes temas da era moderna não se dá na grande Constituição pastoral, mas em dois documentos menores, cuja importância só pouco a pouco se foi manifestando com a recepção do Concílio. Trata-se antes de tudo da Declaração sobre a liberdade religiosa, pedida e preparada com grande solicitude sobretudo pelo episcopado americano. A doutrina da tolerância, tal como fora pormenorizadamente elaborada por Pio XII, já não se mostrava suficiente face à evolução do pensamento filosófico e do modo se concebia como o Estado moderno. Tratava-se da liberdade de escolher e praticar a religião e também da liberdade de mudar de religião, enquanto direitos fundamentais na liberdade do homem. Pelas suas razões mais íntimas, tal concepção não podia ser alheia à fé cristã, que entrara no mundo com a pretensão de que o Estado não poderia decidir acerca da verdade nem exigir qualquer tipo de culto. A fé cristã reivindicava a liberdade para a convicção religiosa e a sua prática no culto, sem com isto violar o direito do Estado no seu próprio ordenamento: os cristãos rezavam pelo imperador, mas não o adoravam. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que o cristianismo, com o seu nascimento, trouxe ao mundo o princípio da liberdade de religião. Todavia a interpretação deste direito à liberdade no contexto do pensamento moderno ainda era difícil, porque podia parecer que a versão moderna da liberdade de religião pressupusesse a inacessibilidade da verdade ao homem e, consequentemente, deslocasse a religião do seu fundamento para a esfera do subjectivo. Certamente foi providencial que, treze anos depois da conclusão do Concílio, tivesse chegado o Papa João Paulo II de um país onde a liberdade de religião era contestada pelo marxismo, ou seja, a partir duma forma particular de filosofia estatal moderna. O Papa vinha quase duma situação que se parecia com a da Igreja antiga, de modo que se tornou de novo visível o íntimo ordenamento da fé ao tema da liberdade, sobretudo a liberdade de religião e de culto.

O segundo documento, que se havia de revelar depois importante para o encontro da Igreja com a era moderna, nasceu quase por acaso e cresceu com sucessivos estratos. Refiro-me à declaração Nostra aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Inicialmente havia a intenção de preparar uma declaração sobre as relações entre a Igreja e o judaísmo – um texto que se tornou intrinsecamente necessário depois dos horrores do Holocausto (shoah). Os Padres conciliares dos países árabes não se opuseram a tal texto, mas explicaram que se se queria falar do judaísmo, então era preciso dedicar também algumas palavras ao islamismo. Quanta razão tivessem a este respeito, só pouco a pouco o fomos compreendendo no ocidente. Por fim cresceu a intuição de que era justo falar também doutras duas grandes religiões – o hinduísmo e o budismo – bem como do tema da religião em geral. A isto se juntou depois espontaneamente uma breve instrução relativa ao diálogo e à colaboração com as religiões, cujos valores espirituais, morais e socioculturais deviam ser reconhecidos, conservados e promovidos (cf. n. 2). Assim, num documento específico e extraordinariamente denso, inaugurou-se um tema cuja importância na época ainda não era previsível. Vão-se tornando cada vez mais evidentes tanto a tarefa que o mesmo implica como a fadiga ainda necessária para tudo distinguir, esclarecer e compreender. No processo de recepção activa, foi pouco a pouco surgindo também uma debilidade deste texto em si extraordinário: só fala da religião na sua feição positiva e ignora as formas doentias e falsificadas de religião, que têm, do ponto de vista histórico e teológico um vasto alcance; por isso, desde o início, a fé cristã foi muito crítica em relação à religião, tanto no próprio seio como no mundo exterior.

Se, ao início do Concílio, tinham prevalecido os episcopados do centro da Europa com os seus teólogos, nas sucessivas fases conciliares o leque do trabalho e da responsabilidade comuns foi-se alargando cada vez mais. Os bispos reconheciam-se aprendizes na escola do Espírito Santo e na escola da colaboração recíproca, mas foi precisamente assim que se reconheceram servos da Palavra de Deus que vivem e trabalham na fé. Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, «renová-las» de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares.

No cardeal Frings, tive um «pai» que viveu de modo exemplar este espírito do Concílio. Era um homem de significativa abertura e grandeza, mas sabia também que só a fé guia para se fazer ao largo, para aquele horizonte amplo que resta impedido ao espírito positivista. É esta fé que queria servir com o mandato recebido através do sacramento da ordenação episcopal. Não posso deixar de lhe estar sempre grato por me ter trazido – a mim, o professor mais jovem da Faculdade teológica católica da universidade de Bonn – como seu consultor na grande assembleia da Igreja, permitindo que eu estivesse presente nesta escola e percorresse do interior o caminho do Concílio. Este livro reúne os diversos escritos, com os quais pedi a palavra naquela escola; trata-se de pedidos de palavra totalmente fragmentários, dos quais transparece o próprio processo de aprendizagem que o Concílio e a sua recepção significaram e ainda significam para mim. Em todo o caso espero que estes vários contributos, com todos os seus limites, possam no seu conjunto ajudar a compreender melhor o Concílio e a traduzi-lo numa justa vida eclesial. Agradeço sentidamente ao arcebispo Gerhard Ludwig Müller e aos colaboradores do Institut Papst Benedikt XVI pelo extraordinário compromisso que assumiram para realizar este livro.

Castel Gandolfo, na memória do bispo Santo Eusébio de Vercelas, 2 de Agosto de 2012.

BENTO XVI

http://www.vatican.va/special/annus_fidei/documents/annus-fidei_bxvi_inedito-50-concilio_po.html

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Contrários




Nada tenho
Mas o que tenho eu dou
Doar-se a quem não tem
Ter para aqueles que não têm
Estranho essa forma dês ser?
Ter não ter!
Não sei o que penso?

Deus sabe
Saber é uma forma de ter,
Saber forma simples de ser e compreender
Compreender é uma forma de ser e saber
Saber... Pode ser ouvir

Ouvir...
Somente para os sábios
Forma simples que faz a diferença
Diferença é ser sábio
Sábio para os bons
Bons para aqueles que precisa ouvir.

Ouvir...
Seja sábio
Sábio a cada dia
Dia-a-dia posso dar esse passo
Ensinar caminhos,
E conduzir para uma vida melhor
Para serem feliz.

Rafael Camargo.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

CARTA DO PAPA JOÃO PAULO II AOS ARTISTAS

CARTA DO PAPA
JOÃO PAULO II
AOS ARTISTAS
1999

A todos aqueles que apaixonadamente
procuram novas « epifanias » da beleza
para oferecê-las ao mundo
como criação artística.

« Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa » (Gn 1,31).




O artista, imagem de Deus Criador

1. Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos. Infinitas vezes se espelhou um relance daquele sentimento no olhar com que vós — como, aliás, os artistas de todos os tempos —, maravilhados com o arcano poder dos sons e das palavras, das cores e das formas, vos pusestes a admirar a obra nascida do vosso génio artístico, quase sentindo o eco daquele mistério da criação a que Deus, único criador de todas as coisas, de algum modo vos quis associar.

Pareceu-me, por isso, que não havia palavras mais apropriadas do que as do livro do Génesis para começar esta minha Carta para vós, a quem me sinto ligado por experiências dos meus tempos passados e que marcaram indelevelmente a minha vida. Ao escrever-vos, desejo dar continuidade àquele fecundo diálogo da Igreja com os artistas que, em dois mil anos de história, nunca se interrompeu e se prevê ainda rico de futuro no limiar do terceiro milénio.

Na realidade, não se trata de um diálogo ditado apenas por circunstâncias históricas ou motivos utilitários, mas radicado na própria essência tanto da experiência religiosa como da criação artística. A página inicial da Bíblia apresenta-nos Deus quase como o modelo exemplar de toda a pessoa que produz uma obra: no artífice, reflecte-se a sua imagem de Criador. Esta relação é claramente evidenciada na língua polaca, com a semelhança lexical das palavras stwórca (criador) e twórca (artífice).

Qual é a diferença entre « criador » e « artífice »? Quem cria dá o próprio ser, tira algo do nada — ex nihilo sui et subiecti, como se costuma dizer em latim — e isto, em sentido estrito, é um modo de proceder exclusivo do Omnipotente. O artífice, ao contrário, utiliza algo já existente, a que dá forma e significado. Este modo de agir é peculiar do homem enquanto imagem de Deus. Com efeito, depois de ter afirmado que Deus criou o homem e a mulher « à sua imagem » (cf. Gn 1,27), a Bíblia acrescenta que Ele confiou-lhes a tarefa de dominarem a terra (cf. Gn 1,28). Foi no último dia da criação (cf. Gn 1,28-31). Nos dias anteriores, como que marcando o ritmo da evolução cósmica, Javé tinha criado o universo. No final, criou o homem, o fruto mais nobre do seu projecto, a quem submeteu o mundo visível como um campo imenso onde exprimir a sua capacidade inventiva.

Por conseguinte, Deus chamou o homem à existência, dando-lhe a tarefa de ser artífice. Na « criação artística », mais do que em qualquer outra actividade, o homem revela-se como « imagem de Deus », e realiza aquela tarefa, em primeiro lugar plasmando a « matéria » estupenda da sua humanidade e depois exercendo um domínio criativo sobre o universo que o circunda. Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao artista humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador. Obviamente é uma participação, que deixa intacta a infinita distância entre o Criador e a criatura, como sublinhava o Cardeal Nicolau Cusano: « A arte criativa, que a alma tem a sorte de albergar, não se identifica com aquela arte por essência que é própria de Deus, mas constitui apenas comunicação e participação dela ».(1)

Por isso, quanto mais consciente está o artista do « dom » que possui, tanto mais se sente impelido a olhar para si mesmo e para a criação inteira com olhos capazes de contemplar e agradecer, elevando a Deus o seu hino de louvor. Só assim é que ele pode compreender-se profundamente a si mesmo e à sua vocação e missão.
A vocação especial do artista

2. Nem todos são chamados a ser artistas, no sentido específico do termo. Mas, segundo a expressão do Génesis, todo o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima.

É importante notar a distinção entre estas duas vertentes da actividade humana, mas também a sua conexão. A distinção é evidente. De facto, uma coisa é a predisposição pela qual o ser humano é autor dos próprios actos e responsável do seu valor moral, e outra a predisposição pela qual é artista, isto é, sabe agir segundo as exigências da arte, respeitando fielmente as suas regras específicas.(2) Assim, o artista é capaz de produzir objectos, mas isso de per si ainda não indica nada sobre as suas disposições morais. Neste caso, não se trata de plasmar-se a si mesmo, de formar a própria personalidade, mas apenas de fazer frutificar capacidades operativas, dando forma estética às ideias concebidas pela mente.

Mas, se a distinção é fundamental, importante é igualmente a conexão entre as duas predisposições: a moral e a artística. Ambas se condicionam de forma recíproca e profunda. De facto, o artista, quando modela uma obra, exprime-se de tal modo a si mesmo que o resultado constitui um reflexo singular do próprio ser, daquilo que ele é e de como o é. Isto aparece confirmado inúmeras vezes na história da humanidade. De facto, quando o artista plasma uma obra-prima, não dá vida apenas à sua obra, mas, por meio dela, de certo modo manifesta também a própria personalidade. Na arte, encontra uma dimensão nova e um canal estupendo de expressão para o seu crescimento espiritual. Através das obras realizadas, o artista fala e comunica com os outros. Por isso, a História da Arte não é apenas uma história de obras, mas também de homens. As obras de arte falam dos seus autores, dão a conhecer o seu íntimo e revelam o contributo original que eles oferecem à história da cultura.

A vocação artística ao serviço da beleza

3. Um conhecido poeta polaco, Cyprian Norwid, escreveu: « A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir ».(3)

O tema da beleza é qualificante, ao falar de arte. Esse tema apareceu já, quando sublinhei o olhar de complacência que Deus lançou sobre a criação. Ao pôr em relevo que tudo o que tinha criado era bom, Deus viu também que era belo.(4) A confrontação entre o bom e o belo gera sugestivas reflexões. Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza. Justamente o entenderam os Gregos, quando, fundindo os dois conceitos, cunharam uma palavra que abraça a ambos: « kalokagathía », ou seja, « beleza-bondade ». A este respeito, escreve Platão: « A força do Bem refugiou-se na natureza do Belo ».(5)

Vivendo e agindo é que o homem estabelece a sua relação com o ser, a verdade e o bem. O artista vive numa relação peculiar com a beleza. Pode-se dizer, com profunda verdade, que a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o dom do « talento artístico ». E também este é, certamente, um talento que, na linha da parábola evangélica dos talentos (cf. Mt 25,14-30), se deve pôr a render.

Tocamos aqui um ponto essencial. Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística — de poeta, escritor, pintor, escultor, arquitecto, músico, actor... —, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade.

O artista e o bem comum

4. De facto, a sociedade tem necessidade de artistas, da mesma forma que precisa de cientistas, técnicos, trabalhadores, especialistas, testemunhas da fé, professores, pais e mães, que garantam o crescimento da pessoa e o progresso da comunidade, através daquela forma sublime de arte que é a « arte de educar ». No vasto panorama cultural de cada nação, os artistas têm o seu lugar específico. Precisamente enquanto obedecem ao seu génio artístico na realização de obras verdadeiramente válidas e belas, não só enriquecem o património cultural da nação e da humanidade inteira, mas prestam também um serviço social qualificado ao bem comum.

A vocação diferente de cada artista, ao mesmo tempo que determina o âmbito do seu serviço, indica também as tarefas que deve assumir, o trabalho duro a que tem de sujeitar-se, a responsabilidade que deve enfrentar. Um artista, consciente de tudo isto, sabe também que deve actuar sem deixar-se dominar pela busca duma glória efémera ou pela ânsia de uma popularidade fácil, e menos ainda pelo cálculo do possível ganho pessoal. Há, portanto, uma ética ou melhor uma « espiritualidade » do serviço artístico, que a seu modo contribui para a vida e o renascimento do povo. A isto mesmo parece querer aludir Cyprian Norwid, quando afirma: « A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir ».

A arte face ao mistério do Verbo encarnado

5. A Lei do Antigo Testamento contém uma proibição explícita de representar Deus invisível e inexprimível através duma « estátua esculpida ou fundida » (Dt 27,15), porque Ele transcende qualquer representação material: « Eu sou Aquele que sou » (Ex 3,14). No mistério da Encarnação, porém, o Filho de Deus tornou-Se visível em carne e osso: « Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher » (Gl 4,4). Deus fez-Se homem em Jesus Cristo, que Se tornou assim « o centro de referência para se poder compreender o enigma da existência humana, do mundo criado, e mesmo de Deus ».(6)

Esta manifestação fundamental do « Deus-Mistério » apresenta-se como estímulo e desafio para os cristãos, inclusive no plano da criação artística. E gerou-se um florescimento de beleza, cuja linfa proveio precisamente daqui, do mistério da Encarnação. De facto, quando Se fez homem, o Filho de Deus introduziu na história da humanidade toda a riqueza evangélica da verdade e do bem e, através dela, pôs a descoberto também uma nova dimensão da beleza: a mensagem evangélica está completamente cheia dela.

A Sagrada Escritura tornou-se, assim, uma espécie de « dicionário imenso » (P. Claudel) e de « atlas iconográfico » (M. Chagall), onde foram beber a cultura e a arte cristã. O próprio Antigo Testamento, interpretado à luz do Novo, revelou mananciais inexauríveis de inspiração. Desde as narrações da criação, do pecado, do dilúvio, do ciclo dos Patriarcas, dos acontecimentos do êxodo, passando por tantos outros episódios e personagens da História da Salvação, o texto bíblico atiçou a imaginação de pintores, poetas, músicos, autores de teatro e de cinema. Uma figura como a de Job, só para dar um exemplo, com a problemática pungente e sempre actual da dor, continua a suscitar conjuntamente interesse filosófico, literário e artístico. E que dizer então do Novo Testamento? Desde o Nascimento ao Gólgota, da Transfiguração à Ressurreição, dos milagres aos ensinamentos de Cristo, até chegar aos acontecimentos narrados nos Actos dos Apóstolos ou previstos no Apocalipse em chave escatológica, inúmeras vezes a palavra bíblica se fez imagem, música, poesia, evocando com a linguagem da arte o mistério do « Verbo feito carne ».

Tudo isto constitui, na história da cultura, um amplo capítulo de fé e de beleza. Dele tiraram proveito sobretudo os crentes para a sua experiência de oração e de vida. Para muitos deles, em tempos de escassa alfabetização, as expressões figurativas da Bíblia constituíram mesmo um meio concreto de catequização.(7) Mas para todos, crentes ou não, as realizações artísticas inspiradas na Sagrada Escritura permanecem um reflexo do mistério insondável que abraça e habita o mundo.
Entre Evangelho e arte, uma aliança profunda

6. Com efeito, toda a intuição artística autêntica ultrapassa o que os sentidos captam e, penetrando na realidade, esforça-se por interpretar o seu mistério escondido. Ela brota das profundidades da alma humana, lá onde a aspiração de dar um sentido à própria vida se une com a percepção fugaz da beleza e da unidade misteriosa das coisas. Uma experiência partilhada por todos os artistas é a da distância incolmável que existe entre a obra das suas mãos, mesmo quando bem sucedida, e a perfeição fulgurante da beleza vislumbrada no ardor do momento criativo: tudo o que conseguem exprimir naquilo que pintam, modelam, criam, não passa de um pálido reflexo daquele esplendor que brilhou por instantes diante dos olhos do seu espírito.

O crente não se maravilha disto: sabe que se debruçou por um instante sobre aquele abismo de luz que tem a sua fonte originária em Deus. Há porventura motivo para admiração, se o espírito fica de tal modo inebriado que não sabe exprimir-se senão por balbuciações? Ninguém mais do que o verdadeiro artista está pronto a reconhecer a sua limitação e fazer suas as palavras do apóstolo Paulo, segundo o qual Deus « não habita em santuários construídos pela mão do homem », pelo que « não devemos pensar que a Divindade seja semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e engenho do homem » (Act 17,24.29). Se já a realidade íntima das coisas se situa « para além » das capacidades de compreensão humana, quanto mais Deus nas profundezas do seu mistério insondável!

Já de natureza diversa é o conhecimento de fé: este supõe um encontro pessoal com Deus em Jesus Cristo. Mas também este conhecimento pode tirar proveito da intuição artística. Modelo eloquente duma contemplação estética que se sublima na fé são, por exemplo, as obras do Beato Fra Angélico. A este respeito, é igualmente significativa a lauda extasiada, que S. Francisco de Assis repete duas vezes na chartula, redigida depois de ter recebido os estigmas de Cristo no monte Alverne: « Vós sois beleza... Vós sois beleza! ».(8) S. Boaventura comenta: « Contemplava nas coisas belas o Belíssimo e, seguindo o rasto impresso nas criaturas, buscava por todo o lado o Dilecto ».(9)

Uma perspectiva semelhante aparece na espiritualidade oriental, quando Cristo é designado como « o Belíssimo de maior beleza que todos os mortais ».(10) Assim comenta Macário, o Grande, a beleza transfigurante e libertadora que irradia do Ressuscitado: « A alma que foi plenamente iluminada pela beleza inexprimível da glória luminosa do rosto de Cristo, fica cheia do Espírito Santo (...) é toda olhos, toda luz, toda rosto ».(11)

Toda a forma autêntica de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do homem e do mundo. E, como tal, constitui um meio muito válido de aproximação ao horizonte da fé, onde a existência humana encontra a sua plena interpretação. Por isso é que a plenitude evangélica da verdade não podia deixar de suscitar, logo desde os primórdios, o interesse dos artistas, sensíveis por natureza a todas as manifestações da beleza íntima da realidade.

Os primórdios

7. A arte, que o cristianismo encontrou nos seus inícios, era o fruto maduro do mundo clássico, exprimia os seus cânones estéticos e, ao mesmo tempo, veiculava os seus valores. A fé impunha aos cristãos, tanto no campo da vida e do pensamento como no da arte, um discernimento que não permitia a aceitação automática deste património. Assim, a arte de inspiração cristã começou em surdina, ditada pela necessidade que os crentes tinham de elaborar sinais para exprimirem, com base na Escritura, os mistérios da fé e simultaneamente de arranjar um « código simbólico » para se reconhecerem e identificarem especialmente nos tempos difíceis das perseguições. Quem não recorda certos símbolos que foram os primeiros vestígios duma arte pictórica e plástica? O peixe, os pães, o pastor... Evocavam o mistério, tornando-se quase insensivelmente esboços de uma arte nova.

Quando, pelo édito de Constantino, foi concedido aos cristãos exprimirem-se com plena liberdade, a arte tornou-se um canal privilegiado de manifestação da fé. Por todo o lado, começaram a despontar majestosas basílicas, nas quais os cânones arquitectónicos do antigo paganismo eram assumidos sim, mas reajustados às exigências do novo culto. Como não recordar pelo menos a antiga Basílica de S. Pedro e a de S. João de Latrão, construídas pelo imperador Constantino? Ou, no âmbito dos esplendores da arte bizantina, a Haghia Sophía de Constantinopla querida por Justiniano?

Enquanto a arquitectura desenhava o espaço sagrado, a necessidade de contemplar o mistério e de o propor de modo imediato aos simples levou progressivamente às primeiras expressões da arte pictórica e escultural. Ao mesmo tempo surgiam os primeiros esboços de uma arte da palavra e do som; e se Agostinho incluía também, entre as temáticas da sua produção, um De musica, Hilário, Ambrósio, Prudêncio, Efrém da Síria, Gregório de Nazianzo, Paulino de Nola, para citar apenas alguns nomes, faziam-se promotores de poesia cristã, que atinge frequentemente um alto valor não só teológico mas também literário. A sua produção poética valorizava formas herdadas dos clássicos, mas bebia na linfa pura do Evangelho, como justamente sentenciava o Santo poeta de Nola: « A nossa única arte é a fé, e Cristo é o nosso canto ».(12) Algum tempo mais tarde, Gregório Magno, com a compilação do Antiphonarium, punha as premissas para o desenvolvimento orgânico daquela música sacra tão original, que ficou conhecida pelo nome dele. Com as suas inspiradas modulações, o Canto Gregoriano tornar-se-á, com o passar dos séculos, a expressão melódica típica da fé da Igreja durante a celebração litúrgica dos Mistérios Sagrados. Assim, o « belo » conjugava-se com o « verdadeiro », para que, também através dos caminhos da arte, os ânimos fossem arrebatados do sensível ao eterno.

Não faltaram momentos difíceis neste caminho. A propósito precisamente do tema da representação do mistério cristão, a antiguidade conheceu uma áspera controvérsia, que passou à história com o nome de « luta iconoclasta ». As imagens sagradas, já então difusas na devoção do povo de Deus, foram objecto de violenta contestação. O Concílio celebrado em Niceia no ano 787, que estabeleceu a legitimidade das imagens e do seu culto, foi um acontecimento histórico não só para a fé mas também para a própria cultura. O argumento decisivo a que recorreram os Bispos para debelar a controvérsia, foi o mistério da Encarnação: se o Filho de Deus entrou no mundo das realidades visíveis, lançando, pela sua humanidade, uma ponte entre o visível e o invisível, é possível pensar que analogamente uma representação do mistério pode ser usada, pela dinâmica própria do sinal, como evocação sensível do mistério. O ícone não é venerado por si mesmo, mas reenvia ao sujeito que representa.(13)

A Idade Média

8. Os séculos seguintes foram testemunhas dum grande desenvolvimento da arte cristã. No Oriente, continuou a florescer a arte dos ícones, vinculada a significativos cânones teológicos e estéticos e apoiada na convicção de que, em determinado sentido, o ícone é um sacramento: com efeito, de modo análogo ao que sucede nos sacramentos, ele torna presente o mistério da Encarnação nalgum dos seus aspectos. Por isso mesmo, a beleza dum ícone pode ser apreciada sobretudo no interior de um templo, com os candelabros que ardem e suscitam na penumbra infinitos reflexos de luz. A este respeito, escreve Pavel Florenskij: « Bárbaro, pesado, fútil à luz clara do dia, o ouro reanima-se com a luz trémula dum candelabro ou duma vela, que o faz cintilar aqui e ali com miríades de fulgores, fazendo pressentir outras luzes não terrestres que enchem o espaço celeste ».(14)

No Ocidente, são muito variadas as perspectivas e os pontos donde partem os artistas, dependendo também das convicções fundamentais presentes no ambiente cultural do respectivo tempo. O património artístico, que se foi acumulando ao longo dos séculos, conta um florescimento vastíssimo de obras sacras de alta inspiração, que deixam cheio de admiração mesmo o observador do nosso tempo. Em primeiro plano, situam-se as grandes construções do culto, onde a funcionalidade sempre se une ao génio artístico, e este último se deixa inspirar pelo sentido do belo e pela intuição do mistério. Nascem daí estilos bem conhecidos na História da Arte. A força e a simplicidade do românico, expressa nas catedrais ou nas abadias, vai-se desenvolvendo gradualmente nas ogivas e esplendores do gótico. Dentro destas formas, não existe só o génio dum artista, mas a alma dum povo. Nos jogos de luzes e sombras, nas formas ora massiças ora ogivadas, intervêm certamente considerações de técnica estrutural, mas também tensões próprias da experiência de Deus, mistério « tremendo » e « fascinante ». Como sintetizar em poucos traços, nas diversas expressões da arte, a força criativa dos longos séculos da Idade Média cristã? Uma cultura inteira, embora com as limitações humanas sempre presentes, impregnara-se de Evangelho, e onde o pensamento teológico realizava a Summa de S. Tomás, a arte das igrejas submetia a matéria à adoração do mistério, ao mesmo tempo que um poeta admirável como Dante Alighieri podia compor « o poema sagrado, para o qual concorreram céu e terra »,(15) como ele próprio classifica a Divina Comédia.

Humanismo e Renascimento

9. A feliz estação cultural, em que tem origem o florescimento artístico extraordinário do Humanismo e do Renascimento, apresenta também reflexos significativos do modo como os artistas desse período concebiam o tema religioso. Naturalmente as inspirações são tão variadas como os seus estilos, ou pelo menos como os mais importantes deles. Mas, não é minha intenção lembrar coisas que vós, artistas, bem conheceis. Dado que vos escrevo deste Palácio Apostólico, escrínio de obras-primas talvez único no mundo, quero antes fazer-me voz dos maiores artistas que por aqui disseminaram as riquezas do seu génio, permeado frequentemente de grande profundidade espiritual. Daqui fala Miguel Ângelo, que na Capela Sistina de algum modo compendiou, desde a Criação ao Juízo Universal, o drama e o mistério do mundo, retratando Deus Pai, Cristo Juiz, o homem no seu fatigante caminho desde as origens até ao fim da História. Daqui fala o génio delicado e profundo de Rafael, apontando, na variedade das suas pinturas e de modo especial na « Disputa » da Sala da Assinatura, o mistério da revelação de Deus Trinitário, que na Eucaristia Se faz companheiro do homem, e projecta luz sobre as questões e os anelos da inteligência humana. Daqui, da majestosa Basílica dedicada ao Príncipe dos Apóstolos, da colunata que sai dela como dois braços abertos para acolher a humanidade, falam ainda Bramante, Bernini, Borromini, Maderno, para citar apenas os maiores, oferecendo plasticamente o sentido do mistério que faz da Igreja uma comunidade universal, hospitaleira, mãe e companheira de viagem para todo o homem à procura de Deus.

A arte sacra encontrou, neste conjunto extraordinário, uma força expressiva excepcional, atingindo níveis de imorredoiro valor quer estético quer religioso. O que vai caracterizando cada vez mais tal arte, sob o impulso do Humanismo e do Renascimento e das sucessivas tendências da cultura e da ciência, é um crescente interesse pelo homem, pelo mundo, pela realidade histórica. Esta atenção, por si mesma, não é de modo algum um perigo para a fé cristã, centrada sobre o mistério da Encarnação e, portanto, sobre a valorização do homem por parte de Deus. Precisamente os maiores artistas acima mencionados no-lo demonstram. Bastaria pensar no modo como Miguel Ângelo exprime nas suas pinturas e esculturas, a beleza do corpo humano.(16)

Aliás, mesmo no novo clima dos últimos séculos quando parte da sociedade parece indiferente à fé, a arte religiosa não cessou de avançar. A constatação torna-se ainda mais palpável, se da vertente das artes figurativas se passa a considerar o grande desenvolvimento que, neste mesmo período de tempo, teve a música sacra, composta para as necessidades litúrgicas, ou apenas relacionada com temas religiosos. Sem contar tantos artistas que a ela se dedicaram amplamente (como não lembrar Pero Luís de Palestrina, Orlando de Lasso, Tomás Luís de Victoria?), é sabido que muitos dos grandes compositores — de Händel a Bach, de Mozart a Schubert, de Beethoven a Berlioz, de Listz a Verdi — nos ofereceram obras de altíssima inspiração também neste campo.

A caminho dum renovado diálogo

10. Verdade é que, na Idade Moderna, ao lado deste humanismo cristão que continuou a produzir significativas expressões de cultura e de arte, foi-se progressivamente afirmando também uma forma de humanismo caracterizada pela ausência de Deus senão mesmo pela oposição a Ele. Este clima levou por vezes a uma certa separação entre o mundo da arte e o da fé, pelo menos no sentido de menor interesse de muitos artistas pelos temas religiosos.

Mas, vós sabeis que a Igreja continuou a nutrir grande apreço pelo valor da arte enquanto tal. De facto esta, mesmo fora das suas expressões mais tipicamente religiosas, mantém uma afinidade íntima com o mundo da fé, de modo que, até mesmo nas condições de maior separação entre a cultura e a Igreja, é precisamente a arte que continua a constituir uma espécie de ponte que leva à experiência religiosa. Enquanto busca do belo, fruto duma imaginação que voa mais acima do dia-a-dia, a arte é, por sua natureza, uma espécie de apelo ao Mistério. Mesmo quando perscruta as profundezas mais obscuras da alma ou os aspectos mais desconcertantes do mal, o artista torna-se de qualquer modo voz da esperança universal de redenção.

Compreende-se, assim, porque a Igreja está especialmente interessada no diálogo com a arte e quer que se realize na nossa época uma nova aliança com os artistas, como o dizia o meu venerando predecessor Paulo VI no seu discurso veemente aos artistas, durante um encontro especial na Capela Sistina a 7 de Maio de 1964.(17) A Igreja espera dessa colaboração uma renovada « epifania » de beleza para o nosso tempo e respostas adequadas às exigências próprias da comunidade cristã.

No espírito do Concílio Vaticano II

11. O Concílio Vaticano II lançou as bases para uma renovada relação entre a Igreja e a cultura, com reflexos imediatos no mundo da arte. Tal relação é proposta na base da amizade, da abertura e do diálogo. Na Constituição pastoral Gaudium et spes, os Padres Conciliares sublinharam a « grande importância » da literatura e das artes na vida do homem: « Elas procuram dar expressão à natureza do homem, aos seus problemas e à experiência das suas tentativas para conhecer-se e aperfeiçoar-se a si mesmo e ao mundo; e tentam identificar a sua situação na história e no universo, dar a conhecer as suas misérias e alegrias, necessidades e energias, e desvendar um futuro melhor ».(18)

Baseados nisto, os Padres, no final do Concílio, dirigiram aos artistas uma saudação e um apelo, nestes termos: « O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração ».(19) Neste mesmo espírito de profunda estima pela beleza, a Constituição sobre a sagrada liturgia Sacrosanctum Concilium lembrou a histórica amizade da Igreja pela arte e, falando mais especificamente da arte sacra, « vértice » da arte religiosa, não hesitou em considerar como « nobre ministério » a actividade dos artistas, quando as suas obras são capazes de reflectir de algum modo a beleza infinita de Deus e orientar para Ele a mente dos homens.(20) Também através do seu contributo, « o conhecimento de Deus é mais perfeitamente manifestado e a pregação evangélica torna-se mais compreensível ao espírito dos homens ».(21) À luz disto, não surpreende a afirmação do Padre Marie-Dominique Chenu, segundo o qual o historiador da Teologia deixaria a sua obra incompleta, se não dedicasse a devida atenção às realizações artísticas, quer literárias quer plásticas, que a seu modo constituem « não só ilustrações estéticas, mas verdadeiros “lugares” teológicos ».(22)

A Igreja precisa da arte

12. Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De facto, deve tornar perceptível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus. Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspectos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve. E isto, sem privar a própria mensagem do seu valor transcendente e do seu halo de mistério.

A Igreja precisa particularmente de quem saiba realizar tudo isto no plano literário e figurativo, trabalhando com as infinitas possibilidades das imagens e suas valências simbólicas. O próprio Cristo utilizou amplamente as imagens na sua pregação, em plena coerência, aliás, com a opção que, pela Encarnação, fizera d'Ele mesmo o ícone do Deus invisível.

A Igreja tem igualmente necessidade dos músicos. Quantas composições sacras foram elaboradas, ao longo dos séculos, por pessoas profundamente imbuídas pelo sentido do mistério! Crentes sem número alimentaram a sua fé com as melodias nascidas do coração de outros crentes, que se tornaram parte da Liturgia ou pelo menos uma ajuda muito válida para a sua decorosa realização. No cântico, a fé é sentida como uma exuberância de alegria, de amor, de segura esperança da intervenção salvífica de Deus.

A Igreja precisa de arquitectos, porque tem necessidade de espaços onde congregar o povo cristão e celebrar os mistérios da salvação. Depois das terríveis destruições da última guerra mundial e com o crescimento das cidades, uma nova geração de arquitectos se amalgamou com as exigências do culto cristão, confirmando a capacidade de inspiração que possui o tema religioso relativamente também aos critérios arquitectónicos do nosso tempo. De facto, não raro se construíram templos, que são simultaneamente lugares de oração e autênticas obras de arte.

A arte precisa da Igreja?

13. Portanto, a Igreja tem necessidade da arte. Pode-se dizer também que a arte precisa da Igreja? A pergunta pode parecer provocatória. Mas, se for compreendida no seu recto sentido, obedece a uma motivação legítima e profunda. Na realidade, o artista vive sempre à procura do sentido mais íntimo das coisas; toda a sua preocupação é conseguir exprimir o mundo do inefável. Como não ver então a grande fonte de inspiração que pode ser, para ele, esta espécie de pátria da alma que é a religião? Não é porventura no âmbito religioso que se colocam as questões pessoais mais importantes e se procuram as respostas existenciais definitivas?

De facto, o tema religioso é dos mais tratados pelos artistas de cada época. A Igreja tem feito sempre apelo às suas capacidades criativas, para interpretar a mensagem evangélica e a sua aplicação à vida concreta da comunidade cristã. Esta colaboração tem sido fonte de mútuo enriquecimento espiritual. Em última instância, dela tirou vantagem a compreensão do homem, da sua imagem autêntica, da sua verdade. Sobressaiu também o laço peculiar que existe entre a arte e a revelação cristã. Isto não quer dizer que o génio humano não tenha encontrado estímulos também noutros contextos religiosos; basta recordar a arte antiga, sobretudo grega e romana, e a arte ainda florescente das vetustas civilizações do Oriente. A verdade é que o cristianismo, em virtude do dogma central da encarnação do Verbo de Deus, oferece ao artista um horizonte particularmente rico de motivos de inspiração. Que grande empobrecimento seria para a arte o abandono desse manancial inexaurível que é o Evangelho!

Apelo aos artistas

14. Com esta Carta dirijo-me a vós, artistas do mundo inteiro, para vos confirmar a minha estima e contribuir para o restabelecimento duma cooperação mais profícua entre a arte e a Igreja. Convido-vos a descobrir a profundeza da dimensão espiritual e religiosa que sempre caracterizou a arte nas suas formas expressivas mais nobres. Nesta perspectiva, faço-vos um apelo a vós, artistas da palavra escrita e oral, do teatro e da música, das artes plásticas e das mais modernas tecnologias de comunicação. Este apelo dirijo-o de modo especial a vós, artistas cristãos: a cada um queria recordar que a aliança que sempre vigorou entre Evangelho e arte, independentemente das exigências funcionais, implica o convite a penetrar, pela intuição criativa, no mistério de Deus encarnado e contemporaneamente no mistério do homem.

Cada ser humano é, de certo modo, um desconhecido para si mesmo. Jesus Cristo não Se limita a manifestar Deus, mas « revela o homem a si mesmo ».(23) Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo. Todos os crentes são chamados a dar testemunho disto; mas compete a vós, homens e mulheres que dedicastes a vossa vida à arte, afirmar com a riqueza da vossa genialidade que, em Cristo, o mundo está redimido: está redimido o homem, está redimido o corpo humano, está redimida a criação inteira, da qual S. Paulo escreveu que « aguarda ansiosa a revelação dos filhos de Deus » (Rm 8,19). Aguarda a revelação dos filhos de Deus, também através da arte e na arte. Esta é a vossa tarefa. Em contacto com as obras de arte, a humanidade de todos os tempos — também a de hoje — espera ser iluminada acerca do próprio caminho e destino.

Espírito Criador e inspiração artística

15. Na Igreja, ressoa muitas vezes esta invocação ao Espírito Santo: Veni, Creator Spiritus..., « Vinde, Espírito Criador, as nossas mentes visitai, enchei da vossa graça os corações que criastes ».(24)

Ao Espírito Santo, « o Sopro » (ruah), acena já o livro do Génesis: « A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das águas » (1,2). Existe grande afinidade lexical entre « sopro — expiração » e « inspiração ». O Espírito é o misterioso artista do universo. Na perspectiva do terceiro milénio, faço votos de que todos os artistas possam receber em abundância o dom daquelas inspirações criativas donde tem início toda a autêntica obra de arte.

Queridos artistas, como bem sabeis, são muitos os estímulos, interiores e exteriores, que podem inspirar o vosso talento. Toda a autêntica inspiração, porém, encerra em si qualquer frémito daquele « sopro » com que o Espírito Criador permeava, já desde o início, a obra da criação. Presidindo às misteriosas leis que governam o universo, o sopro divino do Espírito Criador vem ao encontro do génio do homem e estimula a sua capacidade criativa. Abençoa-o com uma espécie de iluminação interior, que junta a indicação do bem à do belo, e acorda nele as energias da mente e do coração, tornando-o apto para conceber a ideia e dar-lhe forma na obra de arte. Fala-se então justamente, embora de forma analógica, de « momentos de graça », porque o ser humano tem a possibilidade de fazer uma certa experiência do Absoluto que o transcende.

A « Beleza » que salva

16. Já no limiar do terceiro milénio, desejo a todos vós, artistas caríssimos, que sejais abençoados, com particular intensidade, por essas inspirações criativas. A beleza, que transmitireis às gerações futuras, seja tal que avive nelas o assombro. Diante da sacralidade da vida e do ser humano, diante das maravilhas do universo, o assombro é a única atitude condigna.

De tal assombro poderá brotar aquele entusiasmo de que fala Norwid na poesia, a que me referi ao início. Os homens de hoje e de amanhã têm necessidade deste entusiasmo, para enfrentar e vencer os desafios cruciais que se prefiguram no horizonte. Com tal entusiasmo, a humanidade poderá, depois de cada extravio, levantar-se de novo e retomar o seu caminho. Precisamente neste sentido foi dito, com profunda intuição, que « a beleza salvará o mundo ».(25)

A beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro. Por isso, a beleza das coisas criadas não pode saciar, e suscita aquela arcana saudade de Deus que um enamorado do belo, como S. Agostinho, soube interpretar com expressões incomparáveis: « Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! ».(26)

Que as vossas múltiplas sendas, artistas do mundo, possam conduzir todas àquele Oceano infinito de beleza, onde o assombro se converte em admiração, inebriamento, alegria inexprimível.

Sirva-vos de guia e inspiração o mistério de Cristo ressuscitado, em cuja contemplação se alegra a Igreja nestes dias.

Acompanhe-vos a Virgem Santa, a « toda bela », cuja efígie inumeráveis artistas delinearam e o grande Dante contempla nos esplendores do Paraíso como « beleza, que alegria era dos olhos de todos os outros santos ».(27)

« Eleva-se do caos o mundo do espírito »! A partir destas palavras, que Adam Mickiewicz escrevera numa hora de grande aflição para a pátria polaca,(28) formulo um voto para vós: que a vossa arte contribua para a consolidação duma beleza autêntica que, como revérbero do Espírito de Deus, transfigure a matéria, abrindo os ânimos ao sentido do eterno!

Com os meus votos mais cordiais!

Vaticano, 4 de Abril de 1999, Solenidade da Páscoa da Ressurreição

(1) Dialogus de ludo globi, liv. II: Philosophisch-Theologische Schriften, III (Viena 1967), p. 332.

(2) As virtudes morais, particularmente a prudência, dão ao sujeito a possibilidade de agir de harmonia com o critério do bem e do mal moral: segundo recta ratio agibilium (o justo critério dos comportamentos). A arte, diversamente, é definida pela filosofia como recta ratio factibilium (o justo critério das realizações).

(3) Promethidion, Bogumil, vv. 185-186: Pisma wybrane, II (Varsóvia 1968), p. 216.

(4) A versão grega dos Setenta exprime claramente este aspecto, ao traduzir o termo hebraico t(o-)b (bom) por kalón (belo).

(5) Filebo, 65 A.

(6) JOÃO PAULO II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 80: AAS 91 (1999), 67.

(7) Este princípio pedagógico foi enunciado pela pena autorizada de S. Gregório Magno, numa carta, do ano 599, escrita ao Bispo Sereno de Marselha: « A pintura é usada nas igrejas, para que as pessoas analfabetas possam ler, pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de ler nos livros » (Epistulæ, IX, 209: CCL 140A, 1714).

(8) Lodi di Dio Altissimo, vv. 7 e 10: Fonti francescane, n. 261 (Pádua 1982), p. 177.

(9) Legenda maior, IX, 1: Fonti francescane, n. 1162 (Pádua 1982), p. 911.

(10) Enkomia na celebração do Orthrós do Grande Sábado Santo.

(11) Homilia I, 2: PG 34, 451.

(12) « At nobis ars una fides et musica Christus » (Carmen 20, 31: CCL 203, 144).

(13) Cf. JOÃO PAULO II, Carta ap. Duodecimum sæculum (4 de Dezembro de 1987), 8-9: AAS 80 (1988), 247-249.

(14) A perspectiva invertida e outros escritos (Roma 1984), p. 63.

(15) Paradiso XXV, 1-2.

(16) Cf. JOÃO PAULO II, Homilia da Missa celebrada na conclusão dos restauros dos frescos de Miguel Ângelo na Capela Sistina (8 de Abril de 1994): L'Osservatore Romano (ed. port. de 16 de Abril de 1994), p. 7.

(17) Cf. AAS 56 (1964), 438-444.

(18) N. 62.

(19) Mensagem do Concílio aos artistas (8 de Dezembro de 1965): AAS 58 (1966), 13.

(20) Cf. n. 122.

(21) CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 62.

(22) A teologia no século XII (Milão 1992), p. 9.

(23) CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 22.

(24) Hino de Vésperas, na Solenidade de Pentecostes.

(25) F. DOSTOEVSKIJ, O Idiota, parte III, cap. V (Milão 1998), p. 645.

(26) « Sero te amavi! Pulchritudo tam antiqua e tam nova, sero te amavi! » (Confessiones 10, 27: CCL 27, 251).

(27) Paradiso XXXI, 134-135.

(28) Ode à juventude, v. 69: Wybór poezji, I (Wroclaw 1986), p. 63.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Construindo a Felicidade


Procurando a tal felicidade 
Padre Reginaldo Manzotti
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado! 

Querido povo de Deus, o encontro com o Senhor é a própria felicidade. Mas eu lhe pergunto: o que é felicidade? 

Para responder esta pergunta, convido você a pegar comigo o Evangelho de São João (Jo 4,1-26), para refletirmos sobre a felicidade a partir do encontro da Samaritana com o Senhor. Esta mulher foi até o poço para buscar água, mas não esperava que fosse encontrar Aquele que saciaria toda a sede de sua alma. 

A Samaritana, a princípio, não reconheceu o Senhor, ficou espantada com Seu pedido, porém, no diálogo, reconheceu que Aquele que pedia água era Ele mesmo o poço, a fonte que mataria toda a sede de sua alma, era o Senhor a fonte de sua felicidade. 

A felicidade é uma construção. Inúmeras vezes, a confundimos com euforia; mutos a querem encontrar em forma de “pílulas”, acham que é possível comprá-la. Para o mundo, ser feliz é ter bens, dinheiro, riqueza; nós, muitas vezes, nos envolvemos também nesta dinâmica, nos colocamos à “caça de um tesouro”, mas perdemos nesta busca quando tiramos os olhos do verdadeiro Tesouro que é o Senhor, consequentemente, em vez de sermos felizes, caímos na decepção e na angústia. 

A felicidade somente se realiza plenamente no encontro com o Senhor, por isso, quando estivermos tristes, abatidos, derrotados, sem esperança, precisamos fazer como a Samaritana,e corrermos ao poço para beber da Água Viva que Jesus pode dar. 
"Temos de aprender a ser feliz nas contrariedades", afirma Padre Reginaldo
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com

Quando vivemos em prol de saciar apenas os instintos da nossa carne, não encontramos a felicidade, pois ela está na confiança em Deus a partir de uma vida de santidade. Já afirmava o salmista: “Para mim, um dia nos teus átrios vale mais que mil em outro lugar; estar na porta da casa do meu Deus é melhor que morar nas tendas dos ímpios” (Sl 84,11).

Meus irmãos, um modelo de pessoa feliz é a Virgem Maria. Quando olhamos para sua vida, entendemos o que é ser feliz. Muito mais do que euforia ou momentos de alegria, ela, humana como nós, nos deixou o exemplo de que a felicidade pode ser construída a partir das contrariedades humanas, desde que fundamentada na vontade de Deus. Ela sofreu muito; entre as dores, estavam a dureza de se colocar a caminho, grávida, para ajudar sua prima Isabel e, depois, o sofrimento do deserto, o calvário com seu Filho Jesus, tudo isso para fazer cumprir a vontade do Senhor. Assim ela foi feliz.

Gostaria que, neste momento, você pudesse refletir sobre seus desesperos, angústias, suas dores e contrariedades. Que, desta forma, a partir do modelo da Samaritana, da Virgem Maria, você possa se encontrar com o Senhor. 

Todos nós buscamos a felicidade, queremos alcançá-la, e para isso deixo como direção a Palavra de Deus. Na primeira carta de São Pedro, encontramos alguns ensinamentos para sermos felizes: 

“Sede todos unânimes, compassivos, fraternos, misericordiosos e humildes. Não pagueis o mal com o mal, nem ofensa com ofensa. Ao contrário, abençoai, porque para isto fostes chamados: para serdes herdeiros da bênção. De fato, quem quer amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e seus lábios de falar mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem, busque a paz e vá ao seu encalço. Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o rosto do Senhor volta-se contra os malfeitores”. (1 Pd 3, 8-12)

Portanto, se queres ser felizes, não tenha medo de ir até o poço e encontrar-se com Jesus; desta forma, confiar a Ele toda a sua vida e toda a sua família. Coloque-se a caminho da vontade de Deus, mesmo que esta lhe traga muitas contrariedades, mas, certamente, com o Senhor, encontrando-se com Ele, você será feliz na vontade de Deus. 

Que Deus nos abençoe! E como a Virgem Maria possamos ser felizes. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Construindo a Felicidade


A construção da felicidade 
Padre Adriano Zandoná
Foto: Maria Andrea/cancaonova.com
Deus não nos criou para uma vida qualquer, mas para que, de fato, vivêssemos a felicidade.

Muitas vezes, o ser humano não consegue ser feliz, porque não sabe o que é felicidade. Quando não conseguimos defini-la, acabamos buscando-a onde ela não está. Ser feliz é uma realidade nobre e condição para as pessoas que sabem compreendê-la.

As pessoas confundem alegria com a busca frenética por um prazer imediato. Eu não sou avesso ao prazer, pois ele torna a vida humana melhor, mas se a vida começa a girar em torno deste, ele aprisiona o coração.

A pessoa quando vive uma vida de prazer, não tem limites, nada nunca está bom para ela. Se fizermos aquilo que queremos, não construiremos a felicidade, pois ela é saída, não chegada. Não há contentamento num coração egoísta.

Olhando para nossa sociedade, vemos quantos casamentos acabam, porque as pessoas são egoístas, querem apenas a felicidade própria, mas isso é ilusão. Se o bem-estar é é pautado no egoísmo, a pessoa já começa errado. Se um casamento termina por egoísmo, para que cada um viva seu prazer sozinho, já começa errando o caminho de busca pela felicidade.

A alegria mora na montanha, não no pé da serra; para alcançá-la, é preciso esforço. Existe, hoje, uma certa obsessão pela felicidade, mas eu preciso lhe dizer, mais uma vez, que, num coração egoísta, não existe a construção da felicidade. Ninguém consegue ser feliz sozinho.

Se você, hoje, é solteiro, construa sua felicidade com sua família, acolhendo os amigos que Deus coloca na sua vida. Deus o criou para ser feliz. Se, hoje, você não o é, quero lhe propor elementos para que se torne feliz.

Sem construir a maturidade não é possível se sentir realizado. O processo da construção da felicidade comporta também renúncias, saber ouvir “não” e aprender a reconciliar-se com a própria história. A partir da realidade, das derrotas e perdas, você pode ser feliz, mas você não pode negar os fatos que permeiam sua vida.

"Num coração egoísta não existe a construção da felicidade."
Foto: Maria Andrea/cancaonova.com


Você pode não ser quem gostaria de ser, mas é um filho amado de Deus. É preciso que integremos, em nossa vida, os fatos que compõem a nossa história.

Meus irmãos, não nos enganemos, a felicidade está numa busca de sentidos. Você tem família, tem fé no coração? Todos nós trazemos, no coração, mutilações que a vida nos proporciona como traições, a perda de alguém que amávamos. Mas precisamos, com a força de Deus, nos reconciliar com a força dos fatos. Precisamos nos reconciliar com nossas dores e assumir nossa verdade.

Não podemos desprezar nada que aconteceu na nossa vida, porque tudo é barro na mão do Oleiro, tudo é material para Deus construir nossa alegria.

Não nos enganemos, pois existe um tipo de sabedoria que vem da vida. A dor, por exemplo, é uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento; ou, se você quiser, uma possibilidade de ficar encarcerado na tristeza.

Para construção da maturidade é preciso ser capaz de superar o egocentrismo. Do ponto de vista psicológico, o fechamento em si mesmo é próprio das crianças, um estágio de desenvolvimento delas, mas há adultos que ainda possuem afetos infantis, porque vivem esse profunda idolatria do próprio eu, só pensam em si mesmo.

Um estudo comprova que os mais felizes não são o que ganham mais profissionalmente, mas aqueles que ajudam outras pessoas como é o caso de bombeiros, fisioterapeutas e outros profissionais que trabalham para melhorar a vida das pessoas.

Quantos vivem uma vida ensimesmada, não conseguem abrir mão de si mesmo pelo outro, vivem um sentimento de posse.

Quando cometemos um erro grave, mas pedimos perdão, a situação se acaba. Mas, muitas vezes, o que acontece é que queremos nos justificar. No entanto, o orgulho não nos deixa recomeçar. Quantos filhos, diante dos pais, não reconhecem seus próprios erros, perdendo a oportunidade de reconstruir a sua felicidade!

Os erros nunca vão nos abandonar, a fraqueza faz parte do que somos, mas precisamos aprender a conviver com elas. Os motivos da nossa alegria nos mostram quem somos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Construindo a felicidade


O mistério da assunção de Maria 
Padre Fábio de Melo
Foto: Natalino Ueda
“Minha alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta de alegria.” Isso não é algo que acontece da noite para o dia. Fico pensando no quanto Maria se dedicou à construção do Magnificat, um canto, uma realidade teológica preparada desde o momento em que ela reconheceu quem era.

Uma coisa é quem você é, outra é quem precisamos nos tornar. Quem é você? Ô pergunta difícil de responder, pois nos leva a refazer quem somos, tudo o que já passamos.

Eu não sei o que você precisou viver para ser o que é hoje, mas sei o que você precisa fazer para ser o que Deus espera de você.

Não me importa o que você viveu até o dia de hoje. Eu o respeito. Olho para você como Cristo também olha. No altar, reunimo-nos para viver a dinâmica dessa festa: a Assunção de Nossa Senhora ao céu. Maria, terminado o curso de sua vida, é elevada ao céu.

Meu irmão, minha irmã, se a experiência com Jesus não for feita no dia a dia, corre-se o risco de ela ficar na camiseta que usamos, na cruz que carregamos no pescoço.

Quanto mais mergulho no mistério de Cristo, mais aprimorada é minha visão de Maria. Ela viveu sua assunção nos pequenos gestos, nas pequenas coisas. Nossa Senhora ousou ir para cima, elevar-se e nunca permitir que as dificuldades de sua vida a fizessem desanimar. Se a devoção a Maria não nos colocar nos braços de Jesus, ela não servirá para nada. Até mesmo ela ficará insatisfeita, pois não conseguirá colocar, em nosso braços, o amor de seu Filho.

Também nós precisamos viver essa assunção diariamente. Na carta de São Paulo, na liturgia de hoje, vemos, na Ressurreição de Jesus, um movimento que nos faz vencer a morte. A Igreja nos ensina que os grandes mistérios são as miudezas do nosso dia a dia.

Acho bonito que, também hoje, no mistério da assunção, Maria visita Isabel. No ventre de Isabel está o Antigo Testamento, aquele que vai anunciar o novo Messias, anunciará que Deus entrará, definitivamente, em nossa vida. É o laço do Antigo Testamento sendo amarrado no ventre de Maria. Por isso ela foi visitar Isabel.

"A Igreja nos propõe elevar as mãos ao céu para, juntos, construirmos a civilização do amor", diz padre Fábio
Foto: Natalino Ueda/cancaonova.com

Maria sabia que precisaria educar bem Jesus, ser uma mãe zelosa. Sua assunção começou nos pequenos detalhes, quando ela aceitou a proposta de seu Filho. Ao gerar Jesus, ao dar a Ele a carne humana, ela também constriuu, dentro dela, o mistério de salvação que a elevava, a redimia.

A Igreja, ao viver o mistério da assunção de Maria, nos propõe colocar as mãos para o céu e, juntos, construirmos a civilização do amor.

Alimente-se da Palavra de Deus, alimente-se dos sacramentos. Sem Igreja nós não nos alimentamos. Cuidado com a “camisetinha” que o identifica como sendo de um determinado grupo, ela pode ser diabólica; cuidado com a cruz que carrega em seu pescoço. Um dos lugares favoritos do diabo é a sacristia, são os bastidores. Como encontramos pessoas maldosas protegidas pela cruz peitoral, pela autoridade!

Deus encontra bondade na lama, mas, muitas vezes, não a encontra no altar.

Um dos ensinamentos mais bonitos que aprendi com o fundador da congregação, na qual fui formado, padre Dehon, foi: “Deus não pode fazer nada com minhas obras se antes ele não possuir o meu coração”.

Meu irmão, permita que o seu ministério, que sua vida familiar seja um instrumento de salvação. Permita que sua casa seja o seu lugar de redenção. Não tenha medo de ousar; sem ousada não se chega ao céu.

Tenha, o tempo todo, seus olhos voltados para o alto, pois é assim que precisamos estar. Não podemos viver “desamarrados” do Novo Testamento. Somos filhos da assunção. Não podemos admitir que as forças do diabo venham ameaçar a inteireza da nossa vida.

http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cod=2728&pre=7585&tit=O%20mist%E9rio%20da%20assun%E7%E3o%20de%20Maria

Construindo a Felicidade


A busca da felicidade em Deus 
Padre Reginaldo Manzotti
Foto: Natalino Ueda/cancaonova
A busca de Deus gera felicidade. Como você o buscado? Para muitas pessoas esse encontro é através do sofrimento, precisamos acreditar que podemos ser felizes, mesmo em meio a dor. O buscar a Deus nos torna pessoas melhores. No encontro da eucaristia e lendo a Palavra de Deus nós superaremos as nossas fraquezas.

Não podemos ter a “síndrome de Gabriela”, onde pensamos que “nascemos, crescemos e seremos sempre assim”. Não! Deus faz novas todas as coisas e é nele que a nossa hora vai chegar.

São João Bosco dizia “Só fazer o bem já me faz uma pessoa feliz”. Sabemos que ser feliz é uma construção, não a conseguimos de uma hora para outra, sejamos perseverantes.

Quando falamos em felicidade, o primeiro passo é se reconciliar com Deus. Então, reconcilie-se, busque as pazes com Deus, e faremos isso através da confissão. A partir do momento que fazemos a reconciliação vivemos melhor uns com os outros, exemplo do não ouvir a Deus, foi o fato da Torre de Babel, onde cada um buscou viver a sua maneira, sem querer ouvir a Deus.

Podemos ser muito bons naquilo que fazemos, mas se não estivermos em Deus, seremos inúteis. Devemos ser porta-voz do Senhor, mas só faremos isso ser estivermos “conectados” com Deus.

Perceba que de uma hora para outra as coisas começam a dar errado em nossa vida, isso acontece muitas vezes, pois damos margens para o inimigo e deixamos Deus de lado.

O livro de Jó, nos diz “Reconcilia-te, pois, com ele e terás paz; por estes meios conseguirás os melhores frutos. Recebe de sua boca a Lei e guarda as suas palavras no teu coração. Se te converteres ao Poderoso progredirás, se removeres a iniquidade para longe de tua tenda. E adquirirás ouro como terra e como a areia da torrente de Ofir. E o Poderoso será o teu ouro, e a prata se amontoará para ti. Então, nadarás em delícias no Poderoso e elevarás a Deus o teu rosto. Suplicante o rogarás e ele te ouvirá, e pagarás as tuas promessas. Farás um projeto, e se realizará, e nos teus caminhos brilhará a luz. Pois ele humilha quem fala coisas soberbas, mas quem for humilde será salvo.” Jó 22, 21-29

Não percamos a relação de intimidade com Deus. Não julgue os outros, quem precisar ouvir isso é eu e você.

Jó, foi um homem de Deus, perseverante em meio ao sofrimento. Saiba que a alegria é uma luta diária, que vezes ou outra se dá por meio do sofrimento. Sejamos felizes, por estarmos em Deus. Tenhamos novamente aquele ardor pela evangelização. Onde está aquela busca que tínhamos antes? Será que estamos na busca de Deus ou de nós mesmos?

Se a felicidade se dá na reconciliação com Deus, não se permita a viver no pecado, pois ele nos vicia, busque a confissão. Mas saiba que a busca de Deus passa pelo outro. 

"A busca de Deus passa pelo outro"
Foto: Natalino Ueda/cancaonova


Já no Novo Testamento, São João nos mostra como Jesus nos leva ao encontro da felicidade ao lavar os pés dos seus discípulos “Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e voltou ao seu lugar. Disse aos discípulos: “Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós. Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, e o enviado não é maior do que aquele que o enviou. Já que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prática.”Jo 13, 12-17

O serviço ao outro é encontrar-se com a felicidade de Cristo. Lavar os pés uns dos outros é colocar-se numa atitude onde recolhimento ao outro. Onde nós não somos seres superiores, mas estamos a serviço do outro.

A alegria que tanto queremos não está em alcançar coisas grandiosas, sabemos que a lógica de Deus é contrária a nossa quem quer vencer tem que ceder; O nosso grande erro é não saber renunciar, muito embora, a renuncia que se faz hoje, assim como o perdão dado, nos traz a libertação, portanto abra-se a reconciliação com Deus e com o próximo.


http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?cob=2728&tit=Kair%F3s 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Belezas


Não sei expressar o que sinto. O que sei é que não quero perder a capacidade de admirar as belezas do mundo. Não quero que elas passem por mim despercebidas, quero viver as miudezas do dia-a-dia uma a uma para contemplar o Criador e sua obra que se dará aos homens porque nessas miudezas há uma fala de Deus me pedindo calma, para que a sacralidade da vida ganhe voz em suas singelas criações. E com isso tenho que ir devagar para não perder de vista nada do que Deus colocar em mim vida para vivê-la.
O que meus olhos enxergam, reconheço como santidade, pois paira sobre a cena vista um mistério raro como se houvesse uma nevoa que me recorda da beleza vista e seja uma epfania divina acontecendo em minha vida.
O meu desejo é seguir na calma de meu destino para não deixar passar nada para que possa admirar suas belezas em sua pequenez, pois o que há de mais sagrado e eterno em nossa vida é quando olhamos os avessos e delas fazemos eternos; por que o amor nasce nas pequenas coisas, nos avessos, nos contrários da vida e com isso eternizamos a pessoa amada.
Na calma olhei as belezas da vida e em cada uma delas percebi o nascer do sorriso do Criador.
Sorriso de Pai, que vez em quando faz questão que seus filhos e filhas diminuam o ritmo da vida para que possam brincar com uma breve brincadeira divina entre Pai e filho.
Eu aceitei brincar. E brinquei com Ele. E com isso fiquei mais Feliz!
Queira também!

Rafael Camargo

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Coração Marcado

A vida é um mistério mais profundo que possa existir é uma flor sedenta para se abrir que ao botão que se abre e padece. Á vida é assim tem que viver cada dia de uma vez tem ser devagar saboreando o que se está vivendo.

Viver tem que ser devagar senão, quem vive com presa vive errado e você não tem o direito de viver errado Deus não  te criou para isso Deus te criou para você ir muito além do se pode imaginar.

Pois cada um de nós tem direto à vida, tem direto à felicidade, tem direto ao Amor, á liberdade mas para conseguir isso se deve viver devagar. Isso é a expressão verdadeira de Deus.

Rafael Camargo

terça-feira, 29 de maio de 2012

DIVULGUEM!!!!

ISTO NÃO É UMA 'POUCA VERGONHA'!
É UMA 'MUITA VERGONHA'!!!

O TRE não vai divulgar - Nós vamos!

  
SE CADA UM DE NÓS ENVIAR ESSA  LISTA PARA 10 AMIGOS E TODOS TIVERMOS CONSCIÊNCIA, EM 6 RODADAS TEREMOS DIVULGADO PARA 1.000.000 (UM MILHÃO) DE BRASILEIROS.VAMOS LÁ!
    
IDNOMECARGOPARTIDOACUSAÇÃO OU CRIME A QUE RESPONDE

1ABELARDO LUPIONDeputadoPFL-PR Sonegação Fiscal
2ADEMIR PRATESDeputadoPDT-MG Falsidade Ideológica
3AELTON FREITASSenadorPL-MG Crime de Responsabilidade e Estelionato
4AIRTON ROVEDADeputadoPPS-PR Peculato
5ALBÉRICO FILHODeputadoPMDB-MA Apropriação Indébita
6ALCESTE ALMEIDADeputadoPTB-RR Peculato e Formação de Quadrilha, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
7ALEX CANZIANIDeputadoPTB-PR Peculato
8ALMEIDA DE JESUSDeputadoPL-CE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
9ALMIR MOURADeputadoPFL-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
10AMAURI GASQUESDeputadoPL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
11ANDRÉ ZACHAROWDeputadoPMDB-PR Improbidade Administrativa
12ANÍBAL GOMESDeputadoPMDB-CE Improbidade Administrativa
13ANTERO PAES DE BARROSSenadorPSDB-MT Improbidade Administrativa e Formação de Quadrilha
14ANTÔNIO CARLOS PANNUNZIODeputadoPSDB-SP Crime de Responsabilidade
15ANTÔNIO JOAQUIMDeputadoPSDB-MA Improbidade Administrativa
16BENEDITO DE LIRADeputadoPP-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
17BENEDITO DIASDeputadoPP-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
18BENJAMIN MARANHÃODeputadoPMDB-PB Crime Eleitoral
19BISPO WANDERVALDeputadoPL-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
20CABO JÚLIO (JÚLIO CÉSAR GOMES DOS SANTOS)DeputadoPMDB-MG Crime Militar, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
21CARLOS ALBERTO LERÉIADeputadoPSDB-GO Lesão Corporal
22CELSO RUSSOMANNODeputadoPP-SP Crime Eleitoral, Peculato e Agressão
23CHICO DA PRINCESA (FRANCISCO OCTÁVIO BECKERT)DeputadoPL-PR Crime Eleitoral
24CIRO NOGUEIRADeputadoPP-PI Crime Contra a Ordem Tributária e Prevaricação
25CLEONÂNCIO FONSECADeputadoPP-SE Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
26CLÓVIS FECURYDeputadoPFL-MA Crime Contra a Ordem Tributária
27CORIALANO SALESDeputadoPFL-BA Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
28DARCÍSIO PERONDIDeputadoPMDB-RS Improbidade Administrativa
29DAVI ALCOLUMBREDeputadoPFL-AP Corrupção Ativa
31DOUTOR HELENODeputadoPSC-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
32EDSON ANDRINODeputadoPMDB-SC Crime de Responsabilidade
33EDUARDO AZEREDOSenadorPSDB-MG Improbidade Administrativa
34EDUARDO GOMESDeputadoPSDB-TO Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
35EDUARDO SEABRADeputadoPTB-AP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
36ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO DeputadoPRONA-SP Falsidade Ideológica
37EDIR DE OLIVEIRADeputadoPTB-RS Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
38EDNA MACEDODeputadoPTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
39ELAINE COSTADeputadaPTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
40ELISEU PADILHADeputadoPMDB-RS Corrupção Passiva
41ENIVALDO RIBEIRODeputadoPP-PB Crime Contra a Ordem Tributária, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
42ÉRICO RIBEIRODeputadoPP-RS Crime Contra a Ordem Tributária e Apropriação Indébita
43FERNANDO ESTIMADeputadoPPS-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
44FERNANDO GONÇALVESDeputadoPTB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
45GARIBALDI ALVESSenadorPMDB-RN Crime Eleitoral
46GIACOBO (FERNANDO LUCIO GIACOBO)DeputadoPL-PR Crime Contra a Ordem Tributária e Sequestro
47GONZAGA PATRIOTADeputadoPSDB-PE Apropriação Indébita
48GUILHERME MENEZESDeputadoPT-BA Improbidade Administrativa
49INALDO LEITÃODeputadoPL-PBCrime Contra o Patrimonio, Declaração Falsa de Imposto de Renda
50INOCÊNCIO DE OLIVEIRADeputadoPMDB-PE Crime de Escravidão
51IRAPUAN TEIXEIRADeputadoPP-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
52IRIS SIMÕESDeputadoPTB-PR Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
53ITAMAR SERPADeputadoPSDB-RJ Crime Contra o Consumidor, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
54ISAÍAS SILVESTREDeputadoPSB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
55JACKSON BARRETODeputadoPTB-SE Peculato e Improbidade Administrativa
56JADER BARBALHODeputadoPMDB-PA Improbidade Administrativa, Peculato, Crime Contra o Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro
57JAIME MARTINSDeputadoPL-MG Crime Eleitoral
58JEFERSON CAMPOSDeputadoPTB-SP Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
59JOÃO BATISTADeputadoPP-SP Falsidade Ideológica, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
60JOÃO CALDASDeputadoPL-AL Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
61JOÃO CORREIADeputadoPMDB-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
62JOÃO HERRMANN NETODeputadoPDT-SP Apropriação Indébita
63JOÃO MAGNODeputadoPT-MG Lavagem de Dinheiro
64JOÃO MENDES DE JESUSDeputadoPSB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
65JOÃO PAULO CUNHADeputadoPT-SP Corrupção Passiva, Lavagem de Dinheiro e Peculato
66JOÃO RIBEIROSenadorPL-TO Peculato e Crime de Escravidão
67JORGE PINHEIRODeputadoPL-DF Crime Ambiental
68JOSÉ DIVINODeputadoPRB-RJ Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
69JOSÉ JANENEDeputadoPP-PR Estelionato, Improbidade Administrativa, Lavagem de Dinheiro, Corrupção Passiva, Formação de Quadrilha, Apropriação Indébita e Crime Eleitoral
70JOSÉ LINHARESDeputadoPP-CE Improbidade Administrativa
71JOSÉ MENTORDeputadoPT-SP Corrupção Passiva
72JOSÉ MILITÃODeputadoPTB-MG Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
73JOSÉ PRIANTEDeputadoPMDB-PA Crime Contra o Sistema Financeiro
74JOVAIR ARANTESDeputadoPTB-GO Improbidade Administrativa
75JOVINO CÂNDIDODeputadoPV-SP Improbidade Administrativa
76JÚLIO CÉSARDeputadoPFL-PI Peculato, Formação de Quadrilha, Lavagem de Dinheiro e Falsidade Ideológica
77JÚLIO LOPESDeputadoPP-RJ Falsidade Ideológica
78JÚNIOR BETÃODeputadoPL-AC Declaração Falsa de Imposto de Renda, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
79JUVÊNCIO DA FONSECADeputadoPSDB-MS Improbidade Administrativa
80LAURA CARNEIRODeputadaPFL-RJ Improbidade Administrativa e Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
81LEONEL PAVANSenadorPSDB-SC Contratação de Serviços Públicos Sem Licitação e Concussão
82LIDEU ARAÚJODeputadoPP-SP Crime Eleitoral
83LINO ROSSIDeputadoPP-MTSanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
84LÚCIA VÂNIASenadoraPSDB-GO Peculato
85LUIZ ANTÔNIO FLEURYDeputadoPTB-SP Improbidade Administrativa
86LUPÉRCIO RAMOSDeputadoPMDB-AM Crime de Aborto
87MÃO SANTASenadorPMDB-PI Improbidade Administrativa
88MARCELINO FRAGADeputadoPMDB-ES Crime Eleitoral, Sanguessugas (Escândalo das Ambulâncias)
89MARCELO CRIVELASenadorPRB-RJ Crime Contra o Sistema Financeiro e Falsidade Ideológica